Das pizzarias assombradas aos olhos de um cão: O terror se reinventa nos cinemas com ‘Five Nights at Freddy’s’ e ‘Good Boy’

Das pizzarias assombradas aos olhos de um cão: O terror se reinventa nos cinemas com ‘Five Nights at Freddy’s’ e ‘Good Boy’

O gênero de terror apresenta duas novas e aguardadas produções nos cinemas, cada uma explorando o medo de maneiras fundamentalmente diferentes. De um lado, a adaptação de um fenômeno global dos videogames, ‘Five Nights at Freddy’s’, promete sustos nostálgicos. Do outro, o filme ‘Good Boy’ aposta em um terror psicológico inovador, contado inteiramente pela perspectiva de um cachorro.

‘Five Nights at Freddy’s’: O jogo que virou febre no cinema

Uma das franquias de jogos mais amadas do mundo finalmente chega às telonas. ‘Five Nights at Freddy’s’, criação do americano Scott Cawthon, conta com nomes conhecidos no elenco, como Josh Hutcherson (‘Jogos Vorazes’) e Matthew Lillard (‘Pânico’), além dos famosos animatrônicos Freddy, Bonnie, Chica e Foxy.

Para aqueles que não estão familiarizados com os jogos, a trama centraliza-se em Mike Schmidt (Hutcherson), um jovem contratado para o cargo de vigia noturno na pizzaria Freddy Fazbear’s Pizza. O local, que passou uma temporada fechado após misteriosos desaparecimentos e homicídios de crianças, reabre suas portas. O trabalho de Mike consiste em vigiar as câmeras de segurança e os diferentes ambientes durante cinco noites seguidas. O que parecia ser uma tarefa simples, rapidamente se transforma em um pesadelo.

Inspiração além dos fatos reais

Apesar do tom macabro e dos sustos (os famosos jump scares), é importante notar que nem o jogo nem o filme são baseados em fatos reais. Os animatrônicos assombrados existem apenas na ficção. O criador dos jogos, Scott Cawthon, revelou que sua principal inspiração veio dos restaurantes familiares que frequentava na infância nos Estados Unidos, como o popular Chuck E. Cheese, conhecido por seus próprios mascotes robóticos.

‘Good Boy’: O terror sob o olhar do melhor amigo do homem

Enquanto ‘FNAF’ aposta no terror já conhecido por milhões de fãs, um outro lançamento, ‘Good Boy’, dirigido por Ben Leonberg, está redefinindo o que um filme de horror pode fazer. A produção abandona o sangue e os sustos fáceis para mergulhar o público em um mundo desconfortável e emocionalmente devastador, tudo através dos olhos de um cachorro.

O filme acompanha Todd, um jovem que luta contra uma doença genética terminal. Ele decide trocar a vida na cidade pela casa rural e amaldiçoada de sua família, um local que carrega gerações de traumas, na esperança de uma melhora. Ao seu lado está seu melhor amigo e fiel companheiro, o cachorro Indy.

Uma nova perspectiva de medo

O que torna ‘Good Boy’ verdadeiramente aterrorizante não é a assombração em si, mas a lealdade inabalável do animal. O filme força o espectador a testemunhar o horror pela perspectiva de Indy, utilizando tomadas em ângulo baixo, reflexos e sons abafados. Essa técnica transforma uma história de fantasma comum em uma experiência claustrofóbica que mexe com os sentimentos do público.

Tradicionalmente, filmes de terror convidam o espectador a se identificar com a pessoa assombrada, mas aqui o público vê o sobrenatural através de uma criatura que não pode explicá-lo. Quase todas as cenas são filmadas ao nível dos olhos de Indy, criando um estado constante de desorientação e pavor. Os rostos humanos são frequentemente escondidos ou mantidos fora de foco. O resultado é profundamente desconfortável, prendendo o espectador na perspectiva de Indy, ciente de que algo está terrivelmente errado, mas sendo completamente impotente.

O som também é usado para intensificar a tensão, com cada latido, assobio e respiração aumentando a energia ansiosa do filme. À medida que a saúde de Todd piora e a assombração se intensifica, ele se torna ressentido e distante, recusando-se a acreditar no sobrenatural. Indy, no entanto, sente a gravidade desde o início. Sendo o “bom menino” que é, ele permanece obediente e leal, mesmo quando a atmosfera na casa escurece. Essa lealdade se torna a maior fonte de dor do filme. ‘Good Boy’ prova que o terror não precisa de sangue; a empatia pode ser a ferramenta mais assustadora de todas.

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